O design thinking desenvolve as competências necessárias aos profissionais do século XXI
- Lucia Cuque
- 29 de jul. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 18 de out. de 2021
A preocupação com o desenvolvimento de competências dos profissionais se intensificou, em decorrência dos impactos trazidos ao trabalho pela Quarta Revolução Industrial (4IR). O trabalho transformou-se em atividade de natureza mutável, que demanda novas competências dos profissionais, os quais necessitam adaptar-se sistematicamente a novos métodos, à organização, às ferramentas de trabalho, aos grupos de trabalho, entre outras variáveis.
O aprimoramento das competências e a aprendizagem, ao longo da vida, são estratégicas, no atual cenário, para a produtividade, o crescimento, a inovação e competitividade das empresas de todos os tamanhos; em particular, para as pequenas e médias empresas. Possuir as competências adequadas habilita o profissional a trabalhar com mais eficiência; explorar o potencial das tecnologias disponíveis; e melhorar a sua empregabilidade.
Diversas organizações, dentre elas a World Economic Forum (WEF), European Commission; Organisation for Economic Co-operation and Development (ORCD); e P21 Partnership 21st Century Learning - Battelle for Kids, desenvolveram estruturas e relatórios que indicam quais competências pessoais, sociais, digitais, de empreendedorismo, entre outras, são necessárias para os cidadãos. Algumas das competências citadas pelas organizações internacionais mencionadas, constam na Figura 1.
A metodologia do design thinking é reconhecida como poderosa abordagem para a inovação que lida com problemas multidimensionais. Caracteriza-se por estimular a geração de ideias inovadoras; é centrada nas pessoas; e acontece por meio de colaboração, empatia e interatividade. A d.school da Universidade de Stanford, por meio dos cinco passos do processo de design thinking, apresentados na Figura 2 (FABRI, 2015), ilustra, por exemplo, a importância da empatia, no processo de concepção de ideias para o desenvolvimento de produtos, serviços e estratégias.
O método do design thinking também é aplicado no processo de ensino e aprendizagem na formação de jovens e universitários, em cursos de Master of Business Administration (MBA) e em ações de educação corporativa. Nesse sentido, é entendido como uma metodologia ativa, que estimula os alunos a saírem de uma posição passiva, por meio da participação em cada uma das fases, além de promover a formação de um ambiente colaborativo de inovação e criatividade na sala de aula ou nos ambientes virtuais de aprendizagem.
Pesquisa de campo e conclusões
Com o objetivo de entender o ponto de vista dos profissionais que atuam como facilitadores e participantes de sessões de design thinking destinadas a desenvolver as competências necessárias aos profissionais do século XXI, uma pesquisa de campo foi realizada sob a supervisão de um orientador do mestrado em Tecnologias da Inteligência e Design Digital da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) seguindo os parâmetros exigidos pelo Comitê de Ética em Pesquisa da universidade. Três hipóteses foram elaboradas e a coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas com nove profissionais.
Sete dos nove profissionais entrevistados confirmaram que adquiriram alguma competência, especificamente a partir da própria atuação como facilitadores, ou participantes, nas sessões de design thinking, e mencionaram, entre outras: Comunicação; Colaboração; Empatia; Criatividade; Capacidade de síntese; Open mind.
Oito entrevistados afirmaram que a metodologia design thinking apresenta resultados superiores às metodologias tradicionais no que tange ao desenvolvimento de competências, e cinco entrevistados mencionaram o desenvolvimento das competências: Colaboração; Comunicação; Empatia; Capacidade de arriscar; Flexibilidade; Criatividade; Pensamento crítico; além de outras.
Todos os entrevistados alertaram que, se o ambiente de trabalho, a liderança e a própria pessoa tiverem um mindset fixo, as competências não são desenvolvidas. A constatação traz um alerta, para as equipes que treinam profissionais, sobre a importância da cultura organizacional no processo de inovação, no aperfeiçoamento das pessoas, e seus impactos nos resultados sobre o Retorno do Investimento (ROI) das ações de treinamento e desenvolvimento.
Conclui-se, assim, que a abordagem design thinking, na opinião dos entrevistados, contribui para o aprimoramento das competências pessoais e sociais dos profissionais, a partir de sua participação em sessões e processos da metodologia, assim como por meio de cursos que o adotam como metodologia de ensino, desde que o mindset da pessoa, organização e liderança seja de crescimento.
Se desejar conhecer os detalhes da pesquisa de mestrado Contribuições do design thinking para o desenvolvimento de competências dos profissionais do século XXI: revisão de literatura e pesquisa de campo (CUQUE, 2020), acesse o link: https://sapientia.pucsp.br/ ou faça contato
REFERÊNCIAS
BATTELLE FOR KIDS. Partnership for 21st Century Learning. Framework for 21st Century Learning Definitions. 2019. Disponível em: http://static.battelleforkids.org/documents/p21/P21_Framework_DefinitionsBFK.pdf. Acesso em: 7 nov. 2019.
CAVALCANTI, Caroline Costa; FILATRO, Andrea. Design thinking na educação presencial, a distância e corporativa. São Paulo: Saraiva, 2016.
CUQUE, Lucia. Contribuições do design thinking para o desenvolvimento de competências dos profissionais do século XXI: revisão de literatura e pesquisa de campo. 2020. Dissertação (Mestrado em Tecnologias da Inteligência e Design Digital) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2020.
DWECK, Carol. Mindset: a nova psicologia do sucesso. São Paulo: Objetiva, 2017.
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FABRI, Marc. Thinking with a new purpose: lessons learned from teaching design thinking skills to creative technology students. In: INTERNATIONAL CONFERENCE OF DESIGN, USER EXPERIENCE, AND USABILITY. Springer, Cham, p. 32-43, 2015.
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